Trabalhava na biblioteca há pelo menos cinco anos. Conhecia cada livro, cada corredor. A rotina era sempre a mesma: destrancava janelas, iluminava o lugar, arrumava prateleiras e esperava os estudantes.
Naquele dia chegou no horário de costume. Abriu a porta. Meio atrapalhada, cheia de livros na mão, nem acendeu a luz da sala onde ocupava a maior parte do tempo. Entrou e largou os livros em cima da mesa auxiliar, ao lado do telefone. Foram todos ao chão. A velha mesa não estava lá.
– Ah, mas que isso? Perguntou a si mesma, já aflita.
– Será que o diretor mandou tirar a mesa sem me avisar? E quando ele fez isso? Na madrugada? Falou em voz alta, bastante irritada.
O que achou mais estranho foi que a mesa era pesada, pesada demais para um homem só carregar.
– Ah se alguém arrastou pelo chão...Ai ai ai deve ter arranhado tudo! Lamentava enquanto pegava os livros.
Não encontrou nenhuma marca indicando que tenha sido arrastada.
Interrompeu as lamúrias quando começou a ouvir as vozes dos alunos. Em época de provas finais a biblioteca ficava cheia. Não teve tempo para tirar satisfação com o diretor. As crianças tomaram conta de sua atenção.
Rúbia era uma balzaquiana. Fizera 35 anos há pouco. Solteira, não tinha família por perto. Morava com dois gatos que achara abandonados no parque. Fez faculdade na cidade grande, mas depois de muitos desentendimentos com o ex-noivo, largou tudo e foi parar ali. Nunca mais se interessou em ter namorado e preenchia o tempo cuidando dos livros e dos estudantes.
A escola era a maior da cidade. E a biblioteca, a única. Funcionava em um prédio antigo, precisava de reformas. As paredes estavam descascando, os banheiros entupidos e o teto cheio de goteiras inesperadas.
Apesar da decadência, era um prédio imponente, de arquitetura gótica. Diziam inclusive que já abrigara uma catedral séculos antes. A porta da frente era pesada, emoldurada por um portal com vitrais coloridos. O pé direito era enorme. Tinha três andares e corredores escuros. Era praticamente iluminada por janelas e as abóbodas transparentes. Muitas delas com vidros remendados e que davam um certo ar de mistério a cada canto.
No inverno os alunos sofriam. O aquecimento central costumava dar problemas e não raro os estudantes se viam obrigados a levar um casaco extra para enfrentarem o frio. Sentavam em cadeiras de espaldar alto.
Usavam mesas pomposas, que já sentiam a ação do tempo. Mas dona Rúbia tratava de sempre dar um jeitinho nas coisas. Levava aquecedor, deixava uma garrafa de chocolate quentinho à disposição de quem quisesse e vez por outra até presenteava os alunos com um biscoitinho caseiro.
Dona Rúbia era muito querida entre os frequentadores da biblioteca. Era tratada com respeito e admiração. As crianças gostavam de ouvir as histórias que contava de quando estava na faculdade ou das estripulias que seus gatos fazem quando ela não está em casa.
E era isso o que ela queria da vida. Procurou aquela cidade do interior para ter uma rotina mais pacata. Ganhou o emprego quando convenceu o chefe de que além de excelente bibliotecária, sabia como ninguém administrar uma casa. Era o que ele precisava no momento: alguém que cuidasse de tudo.
No outro dia ao incidente da mesa auxiliar, que inclusive já tinha caído no esquecimento de dona Rúbia, ela novamente chegou no horário e desta vez foram as cores que haviam mudado. Antes as paredes estampavam um tom pastel, outras quase cinza, e tijolos à vista. Agora tudo passava a ter tons cobres, marrons e avermelhados.
– Mas como foi isso? Perguntava-se espantada.
Os primeiros alunos chegaram ruidosos, dando os parabéns pelas mudanças:
– A nova cor está linda, senhorita Rúbia, disse a menina de olhos grandes e cabelos longos.
"Eu conheço essa garota?" , perguntou- se Rúbia.
Não. Não sabia quem era, mas como todo dia centenas de alunos passavam por ali, imaginou ser alguma das alunas mais tímidas. Nem pensou muito no assunto, nem registrou o desconforto que sentiu quando a menina sorriu e arrumou os cabelos compridos e pretos. Dona Rúbia sentiu um calafrio diante daquele sorriso enigmático. Tratou de tirar aquela imagem da cabeça e não pode deixar de pensar a que horas os pintores e marceneiros tinham ido trabalhar.
Quando ia pegar o telefone para perguntar ao diretor sobre as cores e a mesa pesada que desaparecera, foi interrompida por um grito que vinha da ala dos livros policiais. Correu acompanhada por alguns alunos que estavam próximos. Encontraram, caída no chão, a tal menina dos cabelos negros. Imóvel, embora respirando, mas sem abrir os olhos. Jogaram água no rosto dela.
– Afastem-se meninos, deixem eu cuidar disso, pedia aos gritos a bibliotecária.
"O que teria acontecido?" , pensava Rúbia quase entrando em desespero, sem saber o que fazer.
Batia na mão da menina, tentou levantar a cabeça dela e de uma hora para outra a garota abriu os olhos.
Para alívio de dona Rúbia e da plateia que já se aglomerava por ali. Novamente sorria, e o tal sorriso estava ainda pior. Tinha nele um quê de maldade, lascívia e mistério. Dona Rúbia perguntou a ela o que tinha ocorrido.
– Não sei. Não lembro. Sei que estava lendo e de repente acordei no chão com várias pessoas ao meu redor.
Rúbia pensou quase em voz alta: "Como fala bem essa garota para ser apenas uma garota. Quantos anos terá?"
– Deve ter sido um desmaio apenas, estou sem comer há horas, disse a menina já se levantando.
A bibliotecária tentou leva-la ao hospital, mas a menina insistiu em dizer que estava tudo bem.
– Vamos, não discuta.
– ESTÁ TUDO BEM, disse pausadamente num tom alto que calou dona Rúbia.
A mulher chegou a se assustar. Um voz mais grossa, adulta tomou conta daquelas palavras.
A garota soltou o braço bruscamente das mãos da bibliotecária e saiu caminhando lentamente. Sem olhar para trás.
"Que criança estranha", pensou dona Rúbia já se dirigindo para a sua sala.
Seguiu com o dia atarefado e não pensou mais na menina, nem nas mudanças da biblioteca.
Uma semana depois, mais um susto. Desta vez foi ao final do expediente. Ficou até mais tarde na biblioteca, organizando a ala dos livros de história, quando novamente escutou um grito.
"Mas eu não estava sozinha?" , pensou dona Rúbia. "Fiz a ronda e não há nenhum estudante. Quem será o engraçadinho que ficou aqui dentro às escondidas? Ah eu pego esse menino..."
E foi depressa em direção ao grito, novamente na seção de livros policiais.
– Quem está ai? O que houve? Ouviu em resposta risadinhas abafadas.
– Pronto, é uma menina. Ah essas garotas...
Ao entrar no corredor escuro, não havia ninguém. Nada. Não ouviu passos, nem uma respiração. Procurou até o final do corredor, embaixo das prateleiras, atrás dos livros, e nada.
– Ah que diabos, agora estou ouvindo vozes, falou consigo mesma.
Caminhou novamente por toda a biblioteca, pelos três andares. Olhou em todas as direções, imaginando se a menina teria subido a escadaria. Não achou ninguém, não ouviu nem um estalar de madeira.
Quando voltou para a seção de história, encontrou todos os livros abertos no chão. Na página 59. Um ao lado do outro. O susto de dona Rúbia foi tanto que por um instante ela parou de respirar. Entrou em pânico. Saiu correndo. Foi embora, lembrando apenas de trancar a porta pesada.
No outro dia, depois de uma noite insone, voltou à biblioteca. Entrou receosa, pé ante pé. Acendeu todas as luzes e foi direto para a seção de história. Os livros já estavam arrumados. Tentou disfarçar o nervosismo, mas acabou esbarrando em uma prateleira, quase derrubando tudo.
– Quem arrumou? Quem esteve aqui? Falou em voz alta.
Passou em revista o prédio todo. E na estante de livros policiais, próxima aos clássicos, um vento frio a fez arrepiar.
"Não temos janelas na seção de clássicos. De onde vem esse frio?", a cabeça da mulher estava confusa.
Saiu dali para pegar um casaco na sala de trabalho. Quando dobrou em direção à escadaria, parou de repente: a menina dos cabelos longos e negros estava parada no final do corredor. Sem sorrir, sem piscar, sem se mexer. Estava lá , como que esperando. Dona Rúbia encarou a garota, que permanecia imóvel.
– Ei, como você entrou? Perguntou rispidamente dona Rúbia.
Silêncio.
Foi até ela e falou novamente, ríspida:
– Ainda estamos fechados para o público.
A criança virou as costas e foi em direção à escada. A bibliotecária desceu antes, com pressa e se dirigiu a própria sala. Ficou esperando ouvir o barulho da porta da frente fechando com a saída da garota. Mas não ouviu nada. Ficou intrigada. Pegou o casaco e voltou ao corredor para repreender a menina:
– Eu falei sério, já avisei que a biblioteca está fechada, disse entre dentes.
Mas a menina não estava em lugar nenhum.
Voltou correndo para a sala, dessa vez ia pegar a bolsa e ir embora. Estava muito nervosa para continuar ali. Quando entrou no escritório outro choque: todos os quadros na parede estavam de cabeça para baixo.
O ar ficou mais pesado. Novamente ouviu umas risadas. Foi direto ao telefone. Telefone que não estava mais lá. Havia sumido.
Correu em pânico para a porta da biblioteca. Tropeçou em uma cadeira que apareceu do nada no saguão.
Finalmente se levantou, correu e bateu a porta atrás dela. Decidiu ir até o diretor. Foi a pé, rapidamente, sem perceber as pessoas que a olhavam com um ar de espanto. Ela estava chorando, despenteada, com olhos inchados, uma figura triste e louca.
O diretor da escola era também o responsável pela biblioteca da cidade. Um senhor de idade bastante avançada, mas com uma lucidez impressionante.
Dona Rúbia contou tudo a ele de um fôlego só. Ele ofereceu água, café, e ceticamente disse com todas as letras: não há reforma alguma. Nem mudança de cores, nem redecoração, e ninguém tirou nenhum móvel de lá.
– Mas a mesa...é pesada. Quem tirou então? Perguntava, incrédula, a mulher.
– Não sei. Nunca dei autorização para quem quer que seja entrar lá fora do horário de serviço. Não há cópias das chaves e instalei um sistema de alarme impossível de entrar ou sair sem ser notado, falava o diretor por trás do bigode.
– E a pintura? Os vitrais vermelhos?
– Nada disso, respondeu o diretor.
Dona Rúbia ia desmaiar ali mesmo na frente dele. Sentou-se e começou a chorar.
– Pelo amor de Deus, então me acompanhe até a biblioteca. Eu não estou louca. Eu sei o que eu vi.
O diretor aceitou.
O caminho ate lá não era longo, mas o suficiente para deixar os dois com a respiração ofegante.
Ao longe, uma tempestade se aproximava e um vento cortava a rua por onde andavam. Chegando ao prédio, alguns alunos esperavam do lado de fora. Entraram juntos e para surpresa de todos, voava papel por todo o saguão. Os livros da biblioteca estavam rasgados. Como se alguém arrancasse folha por folha de cada encadernação.
Os alunos curiosos queriam entrar no salão, mas o administrador tirou todos de lá. Fechou a porta, proibiu a entrada de qualquer um. Chamou a polícia. A bibliotecária ficou embasbacada. Com os estudantes expulsos, sem saber muito bem o que fazer começou a arrumar a bagunça. Como se tivesse em transe, automaticamente, pegava livro por livro. Logo percebeu que em todos eles havia sobrado uma única página: a 59.
Lançou-se freneticamente a recolher tudo do chão. A polícia chegou e impediu que ela continuasse. Os policiais procuraram por todos os lugares, qualquer pista, mas nada foi encontrado. Liberaram a biblioteca para dona Rúbia arrumar.
–Dona Rúbia, não vamos deixar que algum engraçadinho faça isso sem ser punido. Vamos achar o culpado, garantiu o diretor.
A mulher chorava. O chefe não tinha intimidades e para quebrar o clima deu ordens para que as encomendas de novos livros fossem feitas o mais rápido possível. E assim ela fez. Depois de recolher os papéis, passou o resto do dia às voltas na organização das compras. O que demorou e consumiu mais tempo que o planejado.
Ao sair do prédio, percebeu que tinha esquecido a luz do escritório acesa. Entrou novamente, dirigiu-se a sala e para sua surpresa encontrou tudo no escuro. A única iluminação era a que ela mesma havia acabado de acender no salão principal. Deu meia volta. Quase correndo, e com o coração acelerado ia em direção à saída quando percebeu um vulto próximo a ela. Olhou para trás e viu a menina dos cabelos negros. Desta vez sorria. O mesmo sorriso sinistro.
Dona Rúbia parou e voltou para falar com a garota, mas a menina saiu correndo. A mulher correu atrás dela.
A menina parou na seção de livros policiais. Derrubou um único livro da estante e saiu correndo novamente. A bibliotecária pegou o livro do chão. E foi difícil acreditar: a garota estampada na capa do livro era a menina dos cabelos negros. O livro era "A morte de Isabel - um mistério nunca desvendado", de 1893.
Aparentemente aquele era o único livro que havia se salvado do vandalismo das páginas arrancadas. Lembrou que a única página salva nos outros livros era a página 59 . Abriu na 57, folheou e na 59 havia outra foto da menina. Dela com a irmã gêmea Isadora.
Dona Rúbia começou a ler o livro. Descobriu que Isabel e Isadora eram muito unidas. Isabel era mais rebelde, mais atrevida. Isadora era meiga, quieta. As duas brincavam no pátio da casa quando simplesmente desapareceram. A família procurou, a cidade inteira foi atrás, mas por um bom tempo não se teve notícia das duas. Os pais ficaram desesperados.
Um dia uma delas apareceu. Era a tímida Isadora. Estava vagando pelas ruas da cidade, toda suja de terra, ferida, com a roupa rasgada, a pele queimada de um incêndio. Não lembrava-se de nada. Foi internada e morreu alguns dias depois.
Além de estar muito fraca, cheia de cortes e feridas, pegou uma pneumonia. Mas nunca contou onde esteve com a irmã, nem por que caminhos andou nem deu pistas do paradeiro da rebelde Isabel. Os pais nunca desistiram de procurar, mas morreram sem saber notícias da filha. Isso foi há exatos 100 anos atrás. Um século de escuridão.
A polícia nunca descobriu o que houve. Nunca encontraram o corpo da menina, nem desvendaram se houve sequestro, abuso, e porque ela estava com o corpo queimado. Virou livro por conta do mistério que envolveu toda a trama.
Rúbia largou o livro na estante e sentiu um cheiro de queimado. As labaredas começaram na frente dela sem que houvesse ninguém para atear o fogo. E se espalharam rapidamente. Dona Rúbia conseguiu sair por um milagre. Foi resgatada já sem ar, e quando estava sendo retirada pelos bombeiros, ainda pode ouvir a risada da menina. Olhou para trás e viu uma sombra. Era ela. Estava sorrindo se escondendo atrás da prateleira.
O prédio ficou quase destruído. Não há previsão de quando vai voltar a funcionar. Assim que consegui, fui conversar com Dona Rúbia no hospital em que está internada. Ela me contou a história toda e realmente a impressão que tive é que tão cedo não sai de lá. Além dos ferimentos do fogo, os médicos diagnosticaram insanidade. Pobre dona Rúbia.
De lá me dirigi à biblioteca para colher mais informações para reportagem que estou elaborando para o jornal em que trabalho. Faz um frio infernal naquelas salas. Ainda tem muita coisa espalhada, está tudo sujo, o cheiro de queimado ainda está no ar. Mas o que é impressionante mesmo é o frio. Andei entre os destroços, e reconheci a mesa que Dona Rúbia havia mencionado como desaparecida. Ela está lá, inteirinha, sem que uma labareda tenha encostado nela.
Antes de chegar em casa encontrei o dr. Vasques, o delegado. Falei que estava voltando da biblioteca e que tinha encontrado um livro intacto. Ele pediu para ver e o confiscou. Acredita que possa haver alguma indicação sobre quem ateou fogo no prédio já que foi encontrado na cena do incidente. Deixei o livro com ele e tive que explicar como consegui entrar na biblioteca.
– Fui conversar com Dona Rúbia que me contou uma história muito esquisita. Para confirmar as histórias fui até o diretor. Ele reconheceu que a bibliotecária estava meio alterada antes do incêndio, mas não acredita que tenha colocado fogo em si mesma. Ele me deu as chaves da porta principal.
Há poucos dias encontrei dr. Vasques na farmácia. Tinha olheiras profundas. Perguntei como estava passando e ele não me pareceu muito bem não. Falava ofegante, parecia com medo, olhando em volta a todo instante, suava mesmo com o frio que fazia. Engoliu duas aspirinas ali mesmo, sem água, dizendo que a dor de cabeça tinha piorado desde a noite anterior. Ele não havia encontrado digitais no livro, só as minhas. E as dele, claro.
– Nenhuma? Num livro tão velho? Nem da Dona Rúbia? Perguntei.
– Nem da Dona Rúbia, me disse ele, e mais: não havia registro do livro no sistema da biblioteca. Não havia como saber quem já tinha lido aquilo. Era uma publicação velha e sem passado.
Dois dias atrás fui até a delegacia para ver se dr. Vasques estava melhor e não, ele não havia melhorado. Em tom de confidência me contou que estava ouvindo risadinhas pelos cantos.
– A senhora tem estudo, não é? É jornalista do maior jornal da cidade. Diga-me, eu estou ficando doente? Pareço doente? Sinto-me cansado. Ouço essas risadas, alguns sussurros, e ando esquecendo as coisas. Por exemplo, não sei o que fiz com duas cadeiras da sala lá de casa. Elas sumiram. Meus quadros amanheceram no chão. E um sofá está todo rasgado, como se apunhalado por uma faca imaginária. Eu sei que não fiz aquilo. Pelo menos, não lembro de ter feito. E agora vira e mexe vejo uns vultos no espelho. Hoje vi uma menina de cabelos longos e negros sorrindo pra mim na porta de casa. Posso jurar que era a menina do livro. Mas ela sumiu. Tenho sonhado com sangue, muito sangue.
–Dr. Vasques, seria bom o senhor procurar um médico, respondi.
Sai de lá preocupada com ele.
Ontem, a tragédia anunciada: a casa do delegado pegou fogo. Ele não conseguiu ser resgatado e morreu no incêndio. Os bombeiros informaram que possivelmente alguma guimba de cigarro tenha provocado o acidente. O curioso é que o delegado não fumava. Entre os destroços, encontraram apenas um livro, intacto.
FIM