lá
estava o ano-novo amuadinho, num canto, quase chorando.
–
o que foi meu filho? perguntou a mãe de 2013.
– tô
triste mamãe, resmungou o pequeno. porque eu não posso já ir e ser logo um 2013
grandão, forte? porque tenho que ficar esperando atéééé 2012 se cansar?
–
meu filho, tenha paciência. 2012 está acabando. sua hora vai
chegar. calma. agora vai brincar, aproveite seus últimos momentos antes de ir
embora, mandou carinhosamente a mãe do ano-novo.
e
2013 foi procurar os amiguinhos. na ala dos anos-vindouros, ele seria o próximo
a nascer. estava de saco cheio de tanta espera. era celebrado pelos amiguinhos,
estavam todos meio com inveja, e ele não conseguia mais se segurar nas
calças.
na
ala onde ficavam os anos-inesquecíveis deu um alô para 2011. os anos 2000 e o
2001 também estavam por lá discutindo mais uma vez qual século era de quem.
–
2000, você é do século passado meu irmão. eu sou do século novo,
desdenhava um 2001 sofrido.
2013
passou rápido por eles. não gostava de briga. seguiu em direção a
brinquedolândia e passou pelo corredor dos anos-passados.
“como
tem velho aqui! eu que não quero vir pra cá nunca”, pensou, sem saber que seu destino já
estava traçado. lá, entre tantos anos de outrora, os anos-dourados mal se
aguentavam nas pernas. os anos-80 ainda dançavam, haviam tomado fôlego há pouco
tempo e estavam na onda de um tal de “revival”. coisa de gente chique.
o
ano-novo passou com medo em frente à porta dos anos-de-guerra e finalmente
chegou à brinquedolândia. próximo dali 2014 e 2015 já recebiam as primeiras
instruções da professora: meninos, sejam alegres e prósperos, dizia ela.
–
e ai 2013? tudo certinho, meu? perguntava o dia 21 de dezembro.
–
tudo. se você não atrapalhar meus planos, respondeu um 2013 já meio
bravo.
–
qualé ano-novo, dia 22 de dezembro é meu irmão, se eu aprontar pra você,
apronto pra ele também.
nisso
chegam os dias 24 e 25 de dezembro putos da cara com o dia 21.
–
vem cá ô malandragem, que negócio é esse de você querer atrapalhar nossa
vida? caramba, todo ano a gente vai lá, é recebido em festa, comemoram nossa
existência e ai justo agora você resolve que é mais importante, que vai acabar
com o 2012, com o mundo, blá blá blá. qual que é a tua? perguntaram furiosos os
irmãos.
–
já não basta o 12 de dezembro querer dar uma de engraçadinho, agora vem
você? perguntou o 11 de novembro que passava por ali.
– galera,
não é nada disso, tentava se defender o 21 de dezembro.
–
ah não?
–
não.
2013
já se encolhia num canto apavorado. a discussão estava acalorada. os anos-vindouros se juntavam pra ver a briga.
dia
31 de dezembro e 01 de janeiro chegaram esbaforidos para ver o que estava
acontecendo. ao verem o dia 21 ali parado partiram pra cima dele.
–
calma gente. eu não vou fazer nada disso, garantiu o dia 21. eu juro.
isso tudo é uma pegadinha do departamento de administração. parece que o
pessoal do marketing gostou e decidiram não desmentir a brincadeira.
–
jura? perguntaram os dias quase que em coro.
–
juro. é que o seu maia, o chefão lá dos calendários ficou sem tinta, ninguém repôs,
ele achou engraçado dar esse sustão e ai sobrou pra mim, reclamou um 21 de
dezembro bem incomodado.
e
assim, acalmaram-se os nervos, uns desconfiados, outros nem tanto. mas tudo
voltou ao normal. 2013 foi brincar com os amiguinhos, já mais feliz, mas ainda
ansioso. perto dali, um ano-inesquecível entrava no corredor. “ah, essa juventude”,
suspirou 1939 indo em direção ao departamento de história prestar contas. quase
tropeçou nas próprias pernas.
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