abriu os olhos na estrada deserta e viu o sol dando espaço às
nuvens de chumbo. o carro de cabeça pra
baixo parecia pedir colo ao horizonte. o sangue se espalhando pelo asfalto. ela não
se lembra de nada, nem da música que há pouco incomodava, nem do cigarro que lhe queimara os dedos, nem das lágrimas insistentes.
quisera sumir o mais rápido possível daquele ódio que lhe consumia as entranhas.
depois da discussão, acelerou o carro sem olhar para trás. fez a curva no
primeiro atalho que encontrou. a velocidade e a tristeza pegaram carona. agora,
estirada no chão procura forças. se arrasta até o acostamento sentido todas as
dores do mundo. menos a perna direita. essa ela não sente. porque não está ali.
começa a engasgar com sangue e para de pensar. – eu te amo, grita em sussurro pra
ninguém ouvir. silêncio. essa é a pior dor. a certeza de nunca mais ver seu amor. entre as lágrimas, vai-se com o vento.
Parabéns, seu texto deveria ser comercial de prevenção a acidentes... Profundo e doloroso!!!
ResponderExcluirdoloroso mesmo.
Excluiruau,
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