descanso, eu mereço. mesmo com fortes emoções... |
– duas e quarenta e cinco.
– e a que horas é o casamento?
– oito horas.
– rá, já pensou se a gente vai olhar o convite e tá lá: cinco e meia?
acho que eu morro.
– será? peraí.
– valério, nem brinca com isso.
ele digitou aqui, digitou ali, e veio a resposta: é às 16h, quatro
da tarde. meu deus!
sim, assim foi meu almoço de sábado em florianópolis, praia dos
ingleses. um susto só.
aqui na praia dos ingleses antes de levar o susto |
aliás, se for pra viajar e ter vários sustos, é só me chamar. digo que
é tipo assim: viagem com emoção ou sem emoção? se for com, me chama. emoções
garantidas.
dessa vez fiz o check list logo cedo: pegou o convite? pegou as
passagens? e a reserva do hotel? sim, depois das desventuras no show do
cure, gato escaldado tem medo de água.
tudo na mão, pegamos a nina, deixamos na casa do meu irmão e fomos
para o aeroporto. ainda bem que era cedo porque tinha um engarrafamento monstro
pra chegar lá. procuramos a tal vaga
para deixar o carro e milagrosamente tinha! carro estacionado web checkin
garantido, vamos comer porque a fome é grande. uma coxinha, um misto e duas
cervejas: uma pequena fortuna. mas tá valendo, afinal "tamo" saindo de folga né?
tudo certo ao entrar no avião. viajar de avianca é tranquilo. sem sustos.
no aeroporto de floripa já começou a complicação. cadê os táxis? todos
muito enlouquecidos, disputados a tapa. pulamos num. só que o coitado do motorista não sabia nem digitar
o nome da rua no gps. o nome era hypólito oliveira, algo assim. ele insistiu em digitar hipólito com i, ipólito sem h, o oliveira não saiu nunca. vamos sem gps mesmo. avisamos que era em canasvieiras e
lá fomos. o motorista colocou 130 km por hora. eu tava apavorada.
mas tava cansada, então tudo bem, vamos chegar logo, isso é o que importa.
tá, só que o cara não sabia qual era a rua do tal hotel, andamos
canasvieiras inteira até descobrir que era facílimo chegar lá. ok, tá valendo. "tamo" saindo de folga, né?
mais uma pequena fortuna depois, chegamos ao tal hotel. lá fomos
informados que nosso quarto estava com disjuntor queimado e que todos os outros
estavam ocupados porque estava havendo na cidade um encontro de
universitários dos cursos de medicina, direito, engenharia e não sei o que
mais. a conversa do cara foi meio história pra boi dormir, mas o fato era que a
meia noite de quinta-feira, estávamos ainda de mochila na mão e famintos (sim
porque a pequena coxinha caríssima não matou a fome de ninguém e lanche de
avião é sandubinha mequetrefe amassado, né?). o gerente nos disse que tinha um
quarto reservado para nós na pousada em frente ao hotel. atravessamos a rua,
esperamos o gerente ligar para a dona da pousada. ele disse:
– ela tá vindo, tá tudo certo, preciso voltar pro balcão que o hotel
tá sozinho.
a vista da pousada era linda |
e foi embora! ficamos os dois na porta da pousada esperando a dona acordar. tipo,
e o tempo passando.
ouvimos passos, trancas e chaves e finalmente ela abriu a porta. era uma moça
simpática que só falava espanhol. arranhei no portunhol e nos entendemos. meu
marido tem a velha mania de falar portunhol gritando, sabe como é? parece que a
pessoa do outro lado é surda. não, ela só fala outra língua! peloamordedeus!
enfim, descobrimos que éramos os únicos hóspedes, e ficaríamos no melhor quarto
, de frente para a praia. tudo bem. só que era no terceiro andar, tudo na base
da escada. e como era barulhenta. parecia que o mundo ia cair a cada degrau galgado.
chegamos ao tal quarto, tudo arrumadinho, limpinho, fomos avisados que
por sermos os únicos não haveria café da manhã, que nosso café era no hotel.
tudo bem, aquela altura do campeonato!
deixamos mochilas e tudo no quarto e fomos achar lugar para comer.
eu sempre falo que se algum dia eu for para o pólo sul (ou norte)
acabo com o meio ambiente do planeta. pode ser o frio que for, onde for, se eu
chegar o calor vai junto! é impressionante. fui pro chile, calor; fui pra
gramado, calor em pleno agosto; uma vez fui para caxias em julho, estava
fazendo 3 graus. eu cheguei a temperatura subiu
pra 30 graus. sou muito, muito azarada. sim, considero azar ir para um
lugar frio e não aproveitar o friozinho...enfim, estava um calor do cão em
floripa.
achamos perto do hotel uma pizzaria aberta. oba. pedi uma pizza
e claro que a que eu pedi era a única no cardápio todo de mais de 200 sabores
que não tinha! troquei por uma simples mesmo pra não ter surpresa. veio uma maravilhosa, quadrada! pizza quadrada na madrugada. bem bom. fazia vento e todos os meus guardanapos saíram voando. sujei a rua. fiquei com peso na consciência. mas fazer o quê? voltamos
para o hotel, ou melhor, pousada, com quatro garrafas de água e outras latinhas de
cerveja. pelo menos tinha uma geladeira no quarto. que desligava toda a vez que
a gente saia. mas tinha.
nosso estoque acabou rapidamente. fomos dormir. claro que numa cidade
com mais de 10 mil estudantes soltos, bebendo e fazendo festa , dormir é para
os fracos. e velhos. eu me encaixo nas duas categorias. ainda tive que aguentar
a festa alheia até de manhã. tudo bem, adoro fazer festa também. mas o que
explica um cara abrir o porta-malas do carro, colocar uma música que fala que
ficou doce porque tem um carro amarelo (e não é uma brasília amarela) e duas
meninas ficarem dançando em frente ao carro? aos gritos e vômitos? quase cinco da madrugada? será que tô ficando careta? enfim, já tava amanhecendo, nem eles aguentaram e finalmente se
fez silêncio.
no outro dia acordei para pegar o café da manhã. pense: todos aqueles
estudantes da noite anterior ou haviam passado por ali ou estavam ali. o hotel
não dava conta de repor os produtos, pão era disputado a tapa e o suco era
tang. fomos pra praia.
os 10 mil estudantes que tinham tomado café já estavam na praia. não
tinha um cantinho pros velhos aqui. andamos, andamos, quase chegamos a jurerê e
finalmente achamos um paraíso chamado capitão do mar. uma birosquinha que
vendia cerveja gelada, pastel de camarão e isca de peixe. nos achamos. ficamos
lá até a sombra aparecer. o calor continuou. foi tudo ótimo.
voltamos pra
pousada, banho, descanso e a vontade louca de comer sushi.
ruim, né? em canasvieiras |
procuramos um que não fosse muito longe. nos arrumamos e fomos até o
balcão do hotel pedir para chamar um táxi.
– não, não tem como chamar. vocês tem que ir até o ponto de táxi que
fica ali ao lado do pastel.
tá bom, vamos lá. "tamo" de folga, né? tá valendo. ficamos esperando
aparecer algum táxi. nisso percebemos que lá tudo funciona por vans. as
pessoas, em grupos, alugam vans que vão levando e buscando o tempo todo.
durante o tempo de observação do trânsito passaram umas 400 por nós.
invariavelmente tinha uma cabeça de algum universitário vomitando pela janela.
ai apareceu um carro chique, não entendo nada de carro, mas era chique
e grande. o motorista tinha no painel uma autorização tipo de táxi e a placa
era de táxi.
– vocês querem táxi?
– sim, queremos. (quase respondi: não, só tô parada aqui no ponto de táxi porque não tenho ambiente em casa. mas achei melhor não).
– pra pachá ou p12?
hein? descobrimos que os 10 mil estudantes estavam se dividindo em
festas nesses dois lugares. expliquei que íamos a um sushi em jurerê. ele
cobrou pacote fechado R$20,00. borá lá.
o moço colocou uma música eletrônica que não me permitia ouvir meus
próprios pensamentos. e claro, o gps dele não funcionou. a sorte que o nosso
funcionou, mesmo assim ele deu vááárias voltas até achar um lugar mega fácil e
conhecido. é impressionante como taxista lá não conhece a cidade.
nosso jantar foi ótimo. claro que o prato principal veio antes da
entrada e eu tive que mandar voltar o prato para esperar a entrada. mas foi um
detalhe.
no fim da janta, pedimos um táxi. a resposta chegou quase 10 minutos
depois: todos os táxis estavam ocupados. chegaria um em meia hora.
já tínhamos pagado a conta, prontos pra ir embora, perguntamos onde
ficava o ponto de táxi e fomos andando em direção a ele. ao chegar no ponto, do
outro lado da rua um taxista passou e viu nosso sufoco, gritou se queríamos uma
corrida, sim, dissemos em coro.
corremos pra dentro do táxi. carro velho, caindo aos pedaços. o
motorista não sabia dirigir, errava as marchas, numa velocidade
alucinante. desconfiamos que o cara tava cheirado, turbinado ou rebitiado (existe
essa palavra? pra quem toma rebite?). quebra-mola ele não via. ficava batendo com a mão no volante, nervoso. deu medo. antes de chegar ao nosso destino
ele simplesmente falou: vou passar num posto de gasolina, tô sem combustível.
claro, vai. ficamos na fila esperando o atendimento. nisso vimos mais
uma cena deprimente de dois playboys sem camisa ouvindo uma música que falava
de caldas country. música a toda altura, saindo de um carro com placa de são paulo.
e eles dançavam sozinhos e partiam pra cima de todas as meninas que chegavam no
posto. triste, nojento. enfim.
nosso motorista louco nos deixou no hotel pagamos os mesmo R$20 da ida
e ele que se dê por satisfeito. louco.
no outro dia, sábado, desistimos do café da manhã porque era uma merda
mesmo e dormimos até 10 e meia. acordamos descansados, prontos pra ir
pra praia. escolhemos um restaurante tranquilamente.
decidimos que iríamos almoçar na praia dos ingleses, assim eu ligaria
para uma amiga que não vejo há muito tempo, iria vê-la, para dar um beijo e ainda sobraria tempo para dar uma caminhada na praia.
pegamos um táxi no grito, sim, eu já estava esperta e caçava os taxistas onde estivessem. fomos pro restaurante. mais um gps quebrado, mais um motorista que não sabia o caminho. paramos em frente ao restaurante e o taxista insistiu que não era ali, deu mais duas voltas e acabou no mesmo lugar. era ali. pagamos a conta e entramos para o almoço.
pegamos um táxi no grito, sim, eu já estava esperta e caçava os taxistas onde estivessem. fomos pro restaurante. mais um gps quebrado, mais um motorista que não sabia o caminho. paramos em frente ao restaurante e o taxista insistiu que não era ali, deu mais duas voltas e acabou no mesmo lugar. era ali. pagamos a conta e entramos para o almoço.
maravilha. na beira da praia, pedi um champanhe, camarão , côngrio
rosa a belle muniere, chique no úrtimo.
ai veio a surpresa: o casamento era as quatro da tarde e não às oito da noite. custava ter lido o convite quando chegou em janeiro? pra que, né? vamos viver de emoções...
nunca comi camarão tão rápido na vida. mal senti o gosto das batatinhas maravilhosas que acompanhavam o prato.
o champanhe ganhou uma rolha e foi pra pousada embaixo do braço. e o táxi? não tinha. o garçom tava com tanta pena da gente que ligou para o cunhado ir nos levar. agradecemos e fomos esperar em frente ao restaurante. passou um táxi desavisado, pulei na frente dele e voltamos pra pousada.
o champanhe ganhou uma rolha e foi pra pousada embaixo do braço. e o táxi? não tinha. o garçom tava com tanta pena da gente que ligou para o cunhado ir nos levar. agradecemos e fomos esperar em frente ao restaurante. passou um táxi desavisado, pulei na frente dele e voltamos pra pousada.
eu tinha escolhido todo o figurino, sapatos, maquiagem, acessórios, tudo para a noite. não estava preparada para uma festa quatro da tarde, naquele calor. eu estava equipada para um
casamento noturno, e no frio. nunca me arrumei com tanta pressa. adaptei o
figurino e assim fomos.
e o táxi? nada, né? o seu machado, morador ali de perto, passou e viu nosso
desespero. se ofereceu para nos levar, por adivinha quanto? R$20. tudo lá é vinte reais vincchyyy reais
(ler com voz de vanessão hahahah!)
aceitamos. seu machado deixou o número do celular dele pra gente ligar
na volta, caso houvesse problema.
o casamento foi lindo, uma vista maravilhosa, detalhes
maravilhosos. emocionante. amo casamentos. e esse foi bem especial. parabéns
aos amigos fábio e heloísa. tava tudo deslumbrante.
na volta pra pousada não, não tinha táxi. o recepcionista do local
disse pra gente ficar esperando, um amigo ligou, todo mundo ligou, apareceu um
santo taxista e nos levou inteiros para casa.
que chato casar aqui, né? |
no outro dia nada de café da manhã, claro. acordamos de ressaca
meio-dia, almoçamos no bobs, arrumamos a mala e fomos pro aeroporto.
até tinha táxi! claro, os estudantes já estavam no aeroporto. todos.
ai começou uma chuva de lascar.
meu checkin fiz pela web na pousada. óbvio que no aeroporto a internet não tava pegando.
quando consegui o wi-fi, acabou minha bateria. concluímos que seria melhor
imprimir num totem o tal e-tíquet. enfrentamos uma pequena fila, mas deu tudo
certo.
ah agora vamos tomar um café, por favor!
são duas lanchonetes no aeroporto, 10 mil estudantes. pense na
confusão. até que conseguimos ser atendidos. nisso uma tia que tava sentada com
a família começou a dar esquete com a garçonete, por causa da demora ou sei lá
o quê. foi a maior baixaria. fez-se um silêncio constrangedor.
terminamos o café e fomos para nosso portão de embarque. o aeroporto é tão pequeno que tanto faz ir pro
portão um, dois ou três. é tudo junto mesmo...
só que a chuva não deu trégua. e não existe finguer lá. conclusão:
cada passageiro ganhou um guarda-chuva para atravessar a pista molhada e enfrentar a chuva que havia se transformado em temporal. e era preciso devolvê-lo no início da escada do avião. a
subida era embaixo d´água mesmo.
uffa. conseguimos sentar, sobrevivemos. ah, detalhe, era tam, não tinha mais voo da avianca. nem ia contar sobre o lanche,
mas acho desaforo servir duas bolachas água e sal e um polenguinho, sem faca. e
um bolinho ana maria, aqueles ruins, sabe? e pra beber? coca-cola e água. eu
que não bebo coca-cola, fiquei na água mesmo. acho muito mais digno não servir
nada. e não cobrar por isso, né? enfim.
chegamos bem, pegamos a nina e deu tudo certo.
foi isso. com ou sem emoção?
p.s - quero dizer que eu amo floripa, e continuo amando. as pessoas foram muito legais com a gente. garçons, seu machado, taxistas malucos, garçonetes e tudo o mais. na próxima espero não ter encontro de estudantes.
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