terça-feira, 18 de setembro de 2012

que venham as flores...

foto: andrea carvalho. de uma flor que ganhei no aniversário

hoje já ia novamente reclamar do trânsito. tá cada vez mais difícil nessas ruas de brasília. mas eu disse ia, não vou mais. já me enchi o saco sobre esse assunto. não vai mudar nada e enquanto não pensarem numa política séria, com respeito aos pedestres, vagas para estacionar, transporte público de qualidade, ciclovias e afins, nem quero falar mais. fica valendo o salve-se quem puder e que se foda. então vou falar de flores...flores? é, por que não? a vida já anda tão cinza, tão pesada que falar de amenidades me deixa mais leve. dia 22 de setembro chega a primavera. sempre que ela chega sinto uma nostalgia boa. uma saudade do que nem chegou a ser. um banzo leve, uma vontade de passado. não sei explicar mesmo. é um sentimento que me aperta o coração. um nozinho na garganta. uma saudade que dói no peito. saudade de nada e de tudo. de mim, da vida. sei lá. por dentro fico assim, contemplativa. lá fora a cidade fica feia. uma névoa cinza e quente parece cozinhar os miolos da gente. as folhas secam, o calor é insuportável e é só espirrar que sai pedra de dentro do nariz. e aqui eu sinto essa angústia gostosa (se é que é assim que se pode explicar). e gosto. gosto dos ipês, amarelos e roxos, necessariamente nessa ordem. gosto do barulinho do ventilador se esforçando pra dar um alento. gosto das invencionices líquidas que fazemos para matar a sede. gosto do papo furado sobre o calor e a seca. só não gosto do calor. mas isso é em qualquer época do ano, então, tá tudo bem. nada que uma boa dose de água, hidratante , chapéu e bom senso não resolvam. gosto dos passarinhos que parecem que cantam como nunca. gosto do cheiro quente do asfalto, das fumaças que embaçam a visão. dia desses ouvi minha primeira cigarra. a primavera chega e a cantoria das bichinhas enchem o ambiente. às vezes enchem o saco também. mas é a música típica de brasília nessa época do ano, não tem como fugir. pesquisando achei que a palavra primavera vem de primo vere, que quer dizer princípio da boa estação; ainda outra versão conta que vem do latim prima verna, ou primeiro verão, a primeira estação do ano. também achei que os dias ficam mais longos na estação das flores. foi uma pesquisa básica, não apurei jornalisticamente em nenhum instituto de meteorologia. por pura preguiça. fato é que tudo fica mais bonito com tantas flores desabrochando. sejam os dias mais longos ou menos longos, não importa. a gente já inventou o horário de verão mesmo, que é pra fuder com as noites longas, então, tá valendo. nunca fui muito chegada a flores. todas elas sempre morreram na minha mão. menos as de plástico. as flores de plástico não morrerm, como já diziam os sábios. a única flora que conseguiu vingar na minha mão foram meus cactos que estão cada dia mais belos e dois pés de manjericão, sendo que um tá pedindo arrego. tenho a mão podre pra flores. gosto de ganhar flores, mas que mulher não gosta? só que este gosto para flores começou pouquíssimo tempo atrás. como disse, nunca fui muito ligada. depois de velha comecei a valorizar algumas coisas estranhas como os perfumes e cores da natureza. estranhas por quê? porque nunca antes foram importantes. eu vivia tão antenada em outros interesses que nem percebia, nem me importava. acho que com o amadurecimento pude ter olhos para novos horizontes. até tatuei uma rosa na perna...enfim, que venham as flores. este ano oficialmente - de acordo com o cptec/inpe - a primavera  começa às 11h49 do dia 22 de setembro de 2012. que seja bem-vinda.








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