muita gente me perguntou sobre o show do thriller live brasil. o que dizer? em primeiro lugar que é um show bom. eu tive a sorte de ganhar os convites, talvez se tivesse desembolsado os cento e tantos reais da cadeira vip poderia ter outra opinião. acho que é um show que não vale cento e tantos reais. não foi como o do elvis, com hologramas e tal. foi um musical, com cantores e bailarinos. o local escolhido foi bacana. não tive problema pra estacionar, nem pra nada. chegamos tipo meia hora antes do espetáculo. banheiros ainda limpos e bebedouros funcionando com água gelada. achamos facilmente os lugares, tinha uma equipe competente dando instruções. agora aqui uma pergunta: porque é que as pessoas sabendo que o evento começa as 15h chegam quase 16h? eu juro que não entendo. coisa de terceiro mundo. começa o musical e tá lá aquele monte de mal educado chegando atrasado, atrapalhando quem chegou na hora, já que ninguém se dá o trabalho de ao menos se abaixar, ou fazer silêncio, ou enfim...sou a favor de fechar as portas, trancar mesmo, assim que der o horário marcado pra ver se esse povinho aprende a chegar na hora certa. atrasou? não entra. foda-se. outra coisa irritante: os tais celulares. primeiro que nem todo mundo desliga ou coloca no silencioso, ai fica aquela sinfonia de músicas horrendas tocando a toda hora. segundo que as pessoas agora vão aos shows para filmar ou fotografar. ninguém vai mais para ficar observando, curtindo, sentindo, ouvindo. nãããão. tem que filmar e fotografar e postar no feicibuqui. além de atrapalhar toda a fila que tá ali atrás, já que poucos se preocupam em não levantar os braços para a melhor foto. fora que os flashes iluminam cinco filas a frente e cinco atrás. parece um holofote. tenho a impressão que quanto mais porcaria é o celular mais estardalhaço faz. ah fora que assim que se apagam as luzes os espertinhos que estavam sentados em lugares ruins correm para pegar lugares vazios na frente. tipo, não basta ser pobre tem que se dar bem. acho pura falta de educação e de noção também. tirando o público merda, o resto foi bem legal. no início da apresentação houve um pequeno problema técnico, resolvido rapidamente. não tirou o brilho do show. começaram as músicas do jackson five e foi emocionante ver aqueles meninos pequenos cantando e dançando as músicas do michael. depois o elenco visita o michael disco e depois do intervalo o michael thriller. os cantores se revezam. tem uma cantora. depois do show é que descobri se tratar da leilah moreno, uma que já trabalhou no serginho groisman. pois no show foi um saco a parte dela. chato pra caralho. sabe aquelas coisas de óóó, aaaaa, tipo esticando nota pra mostrar virtuosismo? sabe american idol? sabe bioncê (como escreve?) sabe joelma do calypso? tudo isso. não gostei mesmo. um gringo também deu boas desafinadas e nem ficou tão parecido com o michael, em compensação os outros dois cantores deram um banho! e eu fiquei me perguntando onde estaria a orquestra. surpresa: atrás do palco. ficou muito bom. evidentemente que a música se sobrepôs a dança, mas em alguns momentos a dança teve seu lugar ao sol. os bailarinos eram excelentes e as coreografias muito legais, uma mistura de todos os movimentos do michael jackson. em thriller quase sai dançando junto. foram três horas de espetáculo, se tivesse uma hora a menos talvez fosse melhor. como diz alfred hitchcock "a duração de um filme deveria estar diretamente relacionada à paciência da bexiga urinária humana". algo assim.mas em resumo, bom show. sem arrependimentos. pra quem é fã, como eu, foi pura diversão. é isso.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
a mosca ou o único cliente da noite
a mosca zunia em torno da lâmpada velha e suja. as cinco mesas do boteco infame estavam vazias. a pouca luz não escondia a gordura entranhada nos copos e toalhas plásticas nem as paredes descascadas e rachadas. no ar cheiro a mofo e mijo. o dono da pocilga era um gordo fedorento que mastigava o palito usado e limpava o balcão com um pano sórdido. e lá estava o único cliente da noite encostado no tal balcão. do rádio de pilha em cima da prateleira, ao lado das garrafas, saia uma música antiga que falava de um bordel e suas putas tristes. o copo de cerveja do único cliente estava pela metade. ele tira do bolso da camisa um cigarro. pede fogo. ganha uma caixa de fósforos. acende o cigarro, dá uma tragada longa, acaba com a bebida num gole só. puxa o revólver do bolso de trás da calça jeans e dá um tiro no dono do bar e outro na própria cabeça. ficam ali os dois estendidos no chão imundo. lá fora apenas um cão late ao longe. a música no rádio continua. a mosca desiste da lâmpada velha e pousa na boca do único cliente da noite.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
da arte da envelhecência...
deca, dequinha, dequita, decosa, decuxa, decolina, decolândia, deca maria, deca cristina, andrea, andrea carvalho, andreca, deinha, dedéia, déia, d., andrea maria, maria andrea, senhora, madame, tia, dinda, filha, filhota, criatura, xarope, vida, fófis, baby, bebê, linda, princesa, querida, amiga, irmã, mãe da nina, decalinda, colorida, estilosa, coisa roxa, cabelos vermelhos, robert smith do cerrado, decazinha...todas essas sou eu. assim me chamam os outros. só não acostumo com o "senhora". essa também sou eu, mas me sinto uma velha! outro dia passou por mim uma menina e perguntou: – moça, você sabe qual é o prédio xxx? moça? era pra mim? sim era. quase beijei a guria.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
redescobrindo o amor por hitchcock
ando numa fase bem piscose. não da adorável psicose da natalia e a dra. frida, mas na psicose hitchcock mesmo. explico: comecei a ver a série bates motel. em um momento que enfrento o luto com a falta do walking dead e homeland, tentei novos rumos: cult, the following, até the flesh eu tentei. mas nada agradou. ai lá fui eu assistir o tal bates. e não é que é bom? começa pelo elenco. lembra do menino freddie higmore? acho que já falei dele...é o mesmo que fez o em busca da terra do nunca, a fantástica fábrica de chocolate, as crônicas de spiderwick. o menino cresceu, hoje tá com 21 anos, e faz o papel de norman bates, no caso, como se ele tivesse 17 aninhos. a mãe do norman é a lindíssima vera farmiga, que fez a mãe da órfã, e fez amor sem escalas, com george clooney, fez também o menino do pijama listrado e contra o tempo. todos filmes ótimos. mais tarde falo deles. então, continuando, temos max thieriot que faz o irmão mais velho de norman. ele fez a última casa da rua. tá, mas no filme norman não tinha irmão. sim, mas na vida real tinha. vida real? é.
na verdade a série conta o que teria acontecido antes do norman ser o psicopata louco que matou a mãe. e essa história foi baseada num livro que por sua vez se baseou em um fato real: a história dos irmãos ed gein e henry. ed, edward, era o irmão mais novo. o livro foi escrito por robert bloch. ele conta a história desses dois irmãos. o norman acabou sintetizando as características dos dois. eles tinham um pai alcoólatra e uma mãe que não deixava eles fazerem nada, era religiosa fanática e dizia aos filhos que a bebida era coisa do demônio e que todas as mulheres eram prostitutas. olha o que eu achei numa pesquisa rápida: "Augusta (a mãe louca) reservava algum tempo, durante a tarde, para ler a Bíblia para os filhos, escolhendo partes do Antigo Testamento sobre morte, assassínios e castigos divinos. Ed, levemente efeminado, era alvo de bullying. Para piorar as coisas, sempre que Ed tentava fazer amigos, a sua mãe impedia-o". resumindo: o irmão morreu de asfixia (a polícia depois descobriu que foi ed quem matou). várias pessoas começaram a aparecer mortas; a polícia achou na casa de ed crânios, pele transformada em abajour, peitos usados como seguradores de copos, crânios usados como tigela de sopa e um monte de outras coisas bizarras como uma caixa com vulvas. ed confessou ter desenterrado várias sepulturas de mulheres de meia idade, que se pareciam com a sua mãe. outros personagens do cinema foram inspirados na vida desse louco, por exemplo o jame "buffalo bill" gumb, do silêncio dos inocentes e leatherface do massacre da serra elétrica.
assisti os quatro ou cinco capítulos do bates motel (ao todo vão ser 10 e já foi confirmada a segunda temporada) e não lembrava direito do filme. ai peguei o sábado à noite de friozinho e sofá e fui ver novamente. e me apaixonei novamente. e relembrei porque sou louca pelo filme. além é claro de lembrar porque gosto tanto de casas taciturnas.
não me contive e no domingão assisti o filme hitchcock, com o maravilhoso anthony hopkins, que dispensa apresentações. o filme mostra a luta do cineasta para fazer psicose. também mostra detalhes da vida particular dele, dos amores, das doenças, e a intimidade com a esposa. é cheio de referências. e mostra detalhes curiosíssimos, como por exemplo: psicose recebeu dinheiro do próprio hitchcock já que ninguém queria bancar. ele gastou 800 mil dólares e lucrou 40 milhões de dólares. e o filme tem elencão também: além de hopkins tem a maravilhosa helen mirren que faz alma, a esposa do hitch. a atriz scarlett johansson faz uma janet leigh perfeita e o mais surpreendente é o james d´arcy que faz o anthony perkins, o norman. a gente conhece ele do cloud atlas e in their skin e o exorcista. e o intrigante é que no filme o tal louco ed gein fica aparecendo na cabeça do hitchcock. quem faz o papel é o michael wincott que já fez um monte de filmes, como o corvo e the doors.
em resumo hitchcock é um filmão. tem um diálogo nele entre o edward e o irmão em que o henry diz: você precisa viver mais sua vida...algo assim. a mesma frase foi usada na série do bates motel. é bem legal perceber esses paralelos.
ah, dizem que o sangue na banheira era calda de chocolate. já ouvi dizer que o hitchcock usou uma tinta azul já que a vermelha não ficaria bem em preto e branco. alguém sabe a verdade? ele escolheu fazer o filme em preto e branco para não chocar mais ainda a plateia com tanto sangue...bom, agora vou ali pesquisar sobre a música do filme. que vamos combinar, é tudo, né?
enfim, é por isso que tô assim, bem psicose. e pra encerrar, como diz o diretor: pode me chamar de hitch, o "cock" guarde pra você. ele é o cara.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
um concurso e um conto erótico
participei dia desses de um concurso sobre contos eróticos. se fossem 10 premiados, estaria em sexto lugar. eram apenas três premiados...mas levei menção honrosa. melhor que nada, né? enfim...tá o site com meu nominho lá. o link é esse ai:
http://www.reinodosconcursos.com.br/index.php?pagina=1501479057_19
segue o texto que concorreu:
ATENÇÃO - É PROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS.
(é uma reedição de um conto da madame red o original foi publicado em: http://cartasdemadamered.blogspot.com.br/)
A ESCOLHA (do original "o estranho casal de três pessoas")
No primeiro dia de carnaval daquele ano, decidi não
usar máscaras nem me embalar na folia das ruas. Apenas observei o cortejo feliz
que desfilava pela cidade.
Num canto da calçada, como versava o costume,
fiquei em pé e sorria para os foliões que passavam e se divertiam em fantasias
e gracejos. Foi quando meu olhar cruzou o de Davi. Que homem charmoso, pensei. Alto, moreno, com uns olhinhos puxados
que quase fechavam ao sorrir. Atrás da máscara ele me mandou seu melhor sorriso
e eu retribuí. Com uma bebida na mão fez um brinde no ar e seguiu seu caminho
atrás da marchinha que animava a rua lotada.
Passando por trás de mim veio ele, o John. Tropeçou
e derramou bebida em todo meu vestido. Fez uma cara de espanto, pediu tantas
desculpas que não consegui me aborrecer com ele. Apresentou-se timidamente. Era
loiro, de uns olhos claros profundos e boca larga. Lindo. Conversamos um pouco, entre gritos, já que a
música estava alta. Ficamos ali trocando sorrisos.
Logo fui para casa. Estava cansada e com a roupa molhada.
Definitivamente sem espírito carnavalesco. Quando já me preparava para deitar
ouvi alguém batendo na janela.
– Quem está ai? Perguntei já com um leve frio na
barriga. Em noite de folia sabe-se lá o estado alcoólico dos foliões, não é
mesmo?
– É o John.
– Quem?
– O homem mais desastrado do mundo!
Reconheci a voz e não pude acreditar que aquele
maluquinho havia me seguido até em casa. Abri a janela sem me preocupar com a
pouca roupa que vestia.
– O que o senhor faz aqui? Perguntava eu com ares
de indignação.
– Eu te segui. Quer um gole, senhorita? Perguntou
ele oferecendo um copo com a cara mais safada do mundo.
– Não, está tarde, vou dormir.
– Por favor, bebe um golinho só. É Bourbon. Ou senhoritas de fino trato não
bebem?
Avaliei que havia a possibilidade dele já estar um
pouco bêbado. E eu ali, seminua na janela começando
a sentir frio.
– Senhor John ou vai embora ou entra pela porta da
frente. A neblina está chegando e eu realmente estou com sono. E não é nada
elegante a esta hora da noite o senhor ficar pendurado na minha janela.
– Abre pra mim?
Fiz que sim com a cabeça. No caminho consegui
apanhar um casaco velho que estava jogado por cima da cama. Abri a porta pra
ele. John entrou decidido e foi diretamente a mim. Segurou minha cintura e me
deu um beijo de tirar o fôlego. Tentei me desvencilhar, mas ele parecia um
polvo com mil tentáculos.
– Ei, para com isso, eu realmente quero dormir e
você já passou da hora, falei sem convencer muito.
John não foi embora. Mais uma vez me beijou. Eu
cedi. O corpo dele me envolvia. Fiquei perdida em seus braços.
Ficamos na sala nos beijando e nos tocando como
dois adolescentes recém descobrindo o amor. Eu estava perdendo o ar e ele
empolgado me lambia os lábios, a cara, o pescoço.
Pedi, quase sem força, para ele parar com aquilo. E
ele parou.
– Vou parar. Se eu continuar, vou acabar abusando
de você, me disse ele ousadamente. Vou
embora. Amanhã nos falamos. Deu meia volta e partiu.
Fiquei sozinha no meio da sala sem acreditar no que
havia acabado de acontecer. O sentimento mais confuso era de que eu havia
gostado daquilo tudo.
Fui dormir pensando nele. Inadvertidamente meus
pensamentos me levaram também até o sorriso de Davi. Aquele Davi que eu ainda
não conhecia, mas que me encantara na festa da rua. Ainda lembrava seu sorriso
atrás da máscara. Adormeci e sonhei com os dois.
No outro dia cedo fui ao mercado para reabastecer a
dispensa de vinhos e frutas. Quem estava lá parado, de óculos escuros e
bastante alinhado? Davi.
Também comprava frutas.
– Bom dia madame, disse-me amavelmente.
– Bom dia. Sorri.
– Me permite? E foi logo me ajudando a passar as
mercadorias no caixa. Fez questão de pagar minha conta. Insistiu a ponto de eu
aceitar para não deixá-lo sem graça. Um verdadeiro cavalheiro.
Conversamos algumas amenidades, percebi que ele mal
disfarçava a vontade de olhar para meu decote.
Depois de algum tempo despediu-se avisando que iria
trabalhar até mais tarde, mesmo tendo uma pontinha de ressaca do dia anterior. Rimos
da situação, e ele então me convidou para ir encontrá-lo para beber o vinho que
“tínhamos” comprado. Aceitei.
– Hoje, oito horas, falou com veemência.
– Estarei lá, respondi.
E sim, fui encontrar Davi em sua casa. Não
estávamos sozinhos: ele morava com a mãe e a irmã mais jovem, Julia. Fui muito
bem recebida. A mãe estava febril e se recolheu depois de nos dar boa noite. A irmã
mais nova nos fez companhia. O jantar estava bastante gostoso. Julia contou que
fez os pratos, mas que a especialidade dela era mesmo a sobremesa. Tinha razão.
Serviu uma torta de morango de tirar o chapéu. Deixei escorrer um pouco da
calda nos lábios e Davi limpou com o guardanapo. De um jeito simples, mas que
fez meu coração parar de tanta sensualidade.
Eu e Davi trocávamos olhares cúmplices e
comprometedores. A língua dele não parava de lamber os lábios como se tivesse
uma fome insaciável. Tentei ajudar Julia, mas ela fez questão de retirar a
louça e ficar na cozinha, nos dando tempo para uma conversa a sós na sala de
estar.
– Jantar maravilhoso, elogiei tentando disfarçar
minha excitação.
– Maravilhosa é você.
– Davi pare com isso, sua irmã e sua mãe são uns
amores, podem não gostar dessa ousadia, repreendi ele.
– Que ousadia? Você ainda não viu nada. Vem cá. Ele
me puxou para seus braços. Beijou-me demoradamente. Senti sua respiração mudar
enquanto me beijava. Olhou-me nos olhos e disse quase em sussurro:
– Você é linda. Quero você inteira para mim.
Eu retribuí o beijo. Neste momento Julia entrou com
a bandeja do café, deu um gritinho espevitado e já dava meia volta quando
paramos de nos beijar e rimos com ela. Ficamos os três tomando café e
conversando sobre a vida.
As horas passavam sem pressa. Davi insistiu que
ouvíssemos Julia ao piano. Eu já estava meio alta de tanto vinho, mas fiquei. Foi
deslumbrante. Enquanto Julia tocava as mais românticas músicas ao piano, eu e Davi
nos envolvíamos entre olhares de desejo.
– Davi, preciso ir. Já está tarde.
– Faço questão de levá-la em segurança.
Pegou o casaco e fomos andando de mãos dadas até
minha casa. Estava uma noite linda de lua cheia.
Despedimos-nos na porta com mais um beijo e muito
tesão.
– Vou lembrar esta noite para sempre, me disse ele.
Fui dormir com a promessa de encontrá-lo no dia
seguinte.
E lá novamente estou me preparando para dormir
quando ouço a batidinha na janela. Será
que Davi teve a mesma ideia do maluco do John? Pensei comigo.
Não. Era John mesmo, em pessoa, batendo novamente.
– Namorado? Perguntou ele.
– Qual seu interesse? Respondi meio desaforada.
– Quero você pra mim. Não vou aceitar um riquinho
mimado cortejando você. Como vamos fazer?
– John deixe disso, eu nem conheço você, vá embora,
supliquei.
Ele então pulou a janela para dentro do quarto. Não
se deu o trabalho de ir até a porta da frente. E veio determinado em minha
direção com aqueles olhos brilhantes e azuis. E novamente me colou ao corpo
dele. Estava quente e suado. E cheiroso. Beijou minha boca. A orelha, o
pescoço. Eu já me derretia nos braços dele. Fomos nos beijando até a cama. Ele
me jogou nela, tentei levantar, mas ele me segurou.
– Hoje eu não vou embora, disse ele já em cima de
mim. Gemia ao meu ouvido.
Eu me entreguei. Queria aquele homem loucamente. Ele
me beijava, mordia, arranhava. Não esperou eu tirar a camisola, foi logo
rasgando minha roupa. A calcinha ele tirou num puxão só. Enfiava seus dedos me
deixando completamente molhada. E assim com fome, com violência, me possuiu. Foi
intenso, rápido e forte. Eu queria mais e mais. Agarrava-me a ele com as unhas,
derretia encharcada de tanto prazer. Ele segurava meu rosto e me beijava,
puxava meu cabelo, se enfiava dentro de mim como um bicho.
Naquela noite ele dormiu comigo.
Acordei com o corpo destruído. O sol entrava pela
janela aberta. Ele já havia ido embora. Deixara uma xícara de café em cima do
criado mudo. Um bilhetinho dizia que iria voltar. “Com
amor, John”.
Mal dei um jeito nos cabelos e Davi batia em minha
porta. Nas mãos uma torta de morango. Julia insistiu, contou ele. Deu um
sorriso sedutor.
– Mas que rápida, como ela conseguiu fazer uma
torta de ontem pra hoje, tão cedo? Perguntei meio sem graça.
– Rápida nada. Já estava pronta desde ontem à
noite. Ela ficou envergonhada de oferecer o mimo. Ai eu disse que você iria
gostar e enfim, aqui estou eu de garoto de recados.
– Entre Davi, não fique ai na porta, por favor.
– Não posso. Estou atrasado. Mas posso voltar mais tarde,
se você não se importar – disse com um sorriso tímido.
– Claro, concordei. Espero você para comermos
juntos estes morangos.
Ele se inclinou de supetão e me beijou a boca. Arrumou
uns fios do meu cabelo e saiu.
Passei o dia tentando disfarçar as marcas da noite anterior.
Tinha arranhões pelo corpo e as costas doloridas.
A noite chegou. Davi chegou com ela. Trazia flores,
rosas vermelhas.
– Minhas preferidas, disse a ele.
Enquanto colocava as flores no vaso Davi escolhia
uma música na vitrola. Puxou-me para um abraço e começamos a dançar. A música
era suave, não exatamente para uma dança, mas nos deixamos embalar. Ele beijou minha
boca. Segurava minha cabeça enquanto sua língua percorria meus lábios. Foi
descendo até meu colo.
Davi tinha um cheiro inebriante. Eu me rendi àquelas
carícias. Fomos andando em direção ao sofá. Ali os toques foram ficando mais
ousados. Eu já estava quase nua e sentia Davi pulsando em cima de mim.
Ele me virou de quatro e assim me possuiu. Entrou
em mim com desejo, com tesão. E eu me entreguei a ele. Ainda sentia as dores que
John causara, mas me deleitei com as novas dores que Davi me presenteava.
Ele me puxava pra ele, me queria. Gozou em mim
gemendo alto. Eu também gozei e fiquei sentindo o caldo quente que escorria das
minhas pernas quando
Davi adormeceu no sofá. Deixei-o em paz.
Para meu desespero ouvi novamente a batidinha na
janela do quarto. John!
Fui correndo abrir.
– O que você está fazendo aqui? Perguntei
assustada.
– Ué, eu avisei que viria, respondeu ele já
entrando pela janela. Sentiu minha falta?
– John, eu preciso falar com você. Estou confusa. Conheci
outro homem, não sei o que estou sentindo. Gosto de você e gosto dele. Mas eu
não sei o que fazer. Eu tentava me explicar entre frases curtas e rápidas.
– Ei, calma. Respira, disse ele andando pelo
quarto.
– Hum, que cheiro é esse? Sexo. Você fez sexo
agora? Hum? Olha minha querida, você não precisa escolher nada, decidir nada. Deixe
as coisas acontecerem. Ele dizia isso em rápidas palavras sem tempo para
respirar.
– Você não está entendendo. Ele está aqui, sussurrei
apavorada.
– Então vou conhecê-lo, falou John já saindo do
quarto.
– Não, gritei. Pulei em cima dele, mas John foi
mais rápido e encontrou Davi dormindo nu no sofá.
– Sua safadinha, me disse John.
– Pare com isso. Ele vai acordar. John vai embora. Por
favor. Eu estava em pânico. John riu e voltou para o quarto. Virou-se na minha
direção e beijou minha boca.
– Você é minha, dá um jeito de despachar o bonitão,
sussurrou no meu ouvido.
– Está bem, mas vá embora, por favor, respondi.
Ele saiu pela janela, mesmo contrariado.
Davi acordou e foi até meu quarto, quase flagrando
John pulando a janela.
– Desculpe, peguei no sono, me disse Davi com uma
voz rouca estonteante.
– Sem problema.
– Vou embora. Amanhã tenho trabalho e vou ao último
baile da temporada. Você me acompanha?
– Claro, respondi sem pensar.
Davi se trocou, me beijou e foi embora.
No outro dia acordei cedo, com as lembranças boas
da noite anterior.
“Hoje vou à festa”,
lembrei. Estava confusa sem saber o que fazer. Davi ou John? Para meu desespero
eu estava apaixonada pelos dois.
A noite chegou e Davi me pegou para irmos ao baile.
Usava uma linda máscara negra, combinando com a minha. O salão da imensa mansão
estava lotado. A música embalava os casais. Começamos a beber champanhe e fomos
para o meio do baile. A certa altura eu já estava meio zonza, Davi me abraçou
pela cintura.
Dançamos com o olhar fixo um no outro, quando senti
por trás de mim outro abraço. Olhei para trás e vi John, também mascarado. Fiquei
ali, entre os dois. Paralisada.
Foi um momento mágico. Como se tudo houvesse se
encaixado. Davi beijou minha boca. John, minha nuca. Ficamos os três abraçados
indiferentes ao resto dos convidados.
John me virou em direção a ele e também beijou
minha boca. Ai foi a vez de Davi beijar meu pescoço. Revezei os beijos dos
dois. Eles pareciam não se importar um com o outro. Os dois me queriam.
Saímos do salão abraçados. Eu estava suando. Nós
três riamos enquanto andávamos pelos corredores. Encontramos a biblioteca. Entramos.
– Shhhh, silêncio, me diziam. E eu obedeci à ordem. E eles não paravam de me beijar, de me tocar.
Era Davi que surpreendentemente comandava nossos
passos. Segurou minha mão e me levou em direção à janela enquanto John esperava
para ser convidado. Davi apenas olhou para ele como que autorizando John a pegar
minha outra mão.
Davi tirou minha máscara e as alças do meu vestido.
Fiquei com os seios à mostra. John também me olhava. Começaram a me tocar. Davi
foi para trás de mim e beijou meu pescoço, enquanto John mamava nos meus peitos
me matando de prazer.
Os dois passaram a dividir meu corpo. Beijaram-me,
lamberam, sentiram cada parte da minha pele arrepiada de prazer. Me jogaram na parede,
de pernas abertas e se enfiavam em mim
revezando os prazeres, ampliando meu desejo. Senti cada uma daquelas quatro
mãos, dois paus, duas línguas, quatro pernas. Nunca antes havia me deleitado
tanto. Às vezes um parava para ficar olhando ai voltava a me dividir. Éramos três
bocas, três corpos que se procuravam.
Ajoelhei: lambi e chupei os dois. Senti um de cada
vez na minha boca. Eles não se tocaram, não naquela noite. Engoli o gozo deles.
E eu gozei farta de tanto tesão.
Ao final colocamos nossas máscaras - e roupas- e
voltamos ao salão de baile. Não tiramos o sorriso do rosto, nem nos separamos
por um bom tempo depois disso. Nascia ali um sólido caso de amor.
Davi deixou a mãe aos cuidados da irmã Julia. John
foi morar conosco uma semana depois. Dormíamos os três na cama que ficou
apertada para tantas estripulias amorosas. Foi assim que fiz minha escolha e
todos passaram a nos conhecer, oficialmente, como o casal de três. FIM
quarta-feira, 10 de abril de 2013
the cure, minhas desventuras e a avó morta
– deca, você pegou os ingressos?
– não. eles não estão com você, valério?
– não!
pânico geral.
– e agora valério, o que se faz agora?
– vou em casa pegar, vai sozinha! te encontro em são paulo.
e assim foi. ou melhor, fui.
minha viagem para ver o the cure começou em fevereiro quando descobri o show. valério, meu marido amantíssimo, comprou os ingressos mais caros disponíveis e me deu de presente.
em princípio o show seria no morumbi. adoro são paulo mas confesso que não sei muito bem sobre as distâncias. pesquisei no google e vi qual o hotel seria melhor reservar (pela bancorbrás). um que fosse próximo do morumbi, confortável e com bom café da manhã.
– vamos ficar num pertinho do show, né? perguntava eu entusiasmada.
um mês antes do grande dia descubro pela internet (sim porque a loja que vendeu os ingressos não mandou nem uma mensagenzinha, nada) que o show mudou para o anhembi.
puta que pariu. tá, vá lá, pelo menos descobri a tempo. além do mais na pista premium, budzone, não haveria nenhuma troca de ingresso, nem trocas de valores...
ai começa a maratona bancorbrás: desmarca o hotel, remarca, nem todos estão disponíveis, nova pesquisa no google, espera três dias para autorização. pronto. consegui um hotelzinho no centro. tá ótimo.
e o mês passou voando. todo dia eu dava uma verificada nas notícias, re-escutava (ou reescutava?) os discos (discos é coisa de velho, né?) e revia fotos. entrei num concurso cujo o prêmio era encontrar com a banda e lógico que não ganhei mesmo minha frase sendo ótima. troquei plantões, remarquei médicos...
enfim, tudo pronto para o grande dia.
e o dia d chegou. a viagem era a tarde. no trabalho, bati o ponto mais cedo. mas naquele horário, pra "sorte" minha, havia uma manifestação popular em frente ao shopping que fica ao lado do meu trabalho. meia dúzia de manifestantes e a cidade toda parada. aqui e brasília é assim, se alguém peida na w3 sul o trânsito pára até a l4 norte. fiquei 45 minutos no engarrafamento.
consegui finalmente chegar em casa, peguei a nina e a ração e fui direto pra casa da minha mãe despachar a cadela. ela adora a casa da vovó então foi tudo bem fácil. difícil é o trânsito no lago norte....deus me ajude.
voltei correndo para casa, coloquei uma muda de roupa numa mochila, o batom, o secador de cabelos e pronto. fiquei esperando o marido que havia prometido não se atrasar, não naquele dia. mas como de costume, atrasou. já fiquei meio puta, mas vamos lá, estamos indo pra são paulo, não há porque ficar de mau humor, né? saímos aos tropeções até o aeroporto.
depois de 20 minutos procurando vaga naquele minúsculo estacionamento do aeroporto dito internacional, abordando cada infeliz que víamos com a chave na mão, conseguimos estacionar. a avianca tem um sistema de check in por computador então tava tudo certo (fiz o check in no trabalho). estávamos dentro do horário. ainda. fomos direto para o portão de embarque. na fila do raio x já estamos rindo à toa. passo na máquina e tudo certo. já meu marido fica detido.
– o que foi? pergunto.
– nada, meu anel caiu no vão da máquina.
– e tá tudo bem?
– não, acho que também perdi o estojo da lente de contato!
ele volta pra máquina, faz todas as atendentes do raio x procurarem o tal estojo até que acham dentro daquele containerzinho onde depositamos os objetos pequenos. só não entendi porque ele colocou o estojo lá se é um peça de plástico, não vai acusar na máquina. enfim...seguimos corredor adentro já preocupados porque o portão a, do embarque, é descendo as escadas e estávamos passando da hora. foi ai que ele me pergunta se eu estou com os ingressos. eu não estava, nem ele. naquele momento ele me deixou pra ir sozinha para sampa e saiu correndo de volta ao balcão da avianca. eu desci as escadas com um vazio no estômago. a minha sorte que encontrei um amigo tri legal e fomos rindo da situação. (antes de rir quase morremos de calor na tal van que leva os passageiros até o avião...)
dentro da aeronave, me surpreendi em como é grande a avianca. e confortável, e legal. sentei no meu lugar destinado pelo cartão de embarque "alguma coisa" c. no corredor. ao meu lado iria o valério em "alguma coisa" b e a janela é "alguma coisa" a. depois de fechada a porta (portas em manual) vem um funcionário com crachá da empresa e pergunta:
– tem alguém sentado ao seu lado?
– não, graças a deus, respondo eu bem alto.
percebi que muita gente achou graça porque a risada foi unanime.
– então você me dá licença de sentar ao seu lado?
– não. não dou. esse lugar estava reservado para meu marido, ele desistiu da viagem e agora eu quero ir sozinha aqui. posso?
– mas só tem esse lugar vazio.
– ah é? e se ele não tivesse desistido? você iria pendurado na asa?
nesse momento chega a aeromoça e avisa que tem lugar no 5b. ufa. salvo pelo gongo.
"por favor passageiro valério apresente-se a equipe..." pedia o comandante.
– aeromoça, o valério não vai se apresentar, ele não embarcou. desistiu, informei.
a essa altura os passageiros ao lado já estavam solidários, me olhando com cara de pena. acho que pensaram que eu tinha levado um fora fenomenal, né?
até são paulo foi tudo bem. a pessoa aqui não tinha um puto de um tostão no bolso. tive que desembarcar e andar meio aeroporto para achar um caixa eletrônico. ai pedi para o marido ligar no hotel para autorizar a minha entrada já que a reserva estava no nome dele. nessa fico sabendo que ele só vai conseguir voar às dez da noite (eram oito). fico na fila do táxi. quem conhece são paulo sabe que as filas são gigantescas. fiquei pacientemente esperando minha vez. entro na faixa amarela, o rapaz me diz: vai pro seis. (o box é numerado) fui. lá chegando uma tia surgida não sei de onde entra no MEU táxi. como assim??? poizé. ai o rapaz diz pra eu ir mais ali na frente. fui. o outro rapaz não sabia de nada, disse que eu tinha que voltar para a fila. claro que armei um barraco e claro que entrei no primeiro carro que apareceu. até chegar no hotel havia muito trânsito, mas eu já estava em são paulo, já tava começando a ficar bom.
o tal hotel fica no largo do arouche. e lá tem dois hotéis, um em frente ao outro, com uma pista movimentada no meio. o taxista , claro, parou no hotel errado. tudo bem, era só atravessar a rua, não morri. cheguei inteira. fiz a ficha de entrada e finalmente fui para o quarto. aleluia. comi batatinha frita, tomei cerveja e pedi vinho. montei uma pequena mesa festiva para esperar o marido. que chegou quase uma hora da manhã. eu já estava bêbada e faminta. a mesa vazia e suja. descemos para ver se tinha algum boteco aberto, em são paulo sempre tem.
– senhor, tem sim uns botecos aqui ao lado mas lá é...tem um pessoal meio estranho...alternativo...dizia em pânico o gerente do hotel.
– o que o senhor quer dizer com isso? é perigoso? perguntamos.
– não, não...é que...senhor, lá tem muito viado mesmo.
quase tive uma sincope de tanto que ri.
– ah, tá bom. tudo bem, respondeu o valério também já rindo do aviso.
sentamos numa mesa tranquila. eu tava com tanta fome que pedi batata frita e frango a passarinho, sem nem olhar no cardápio se tinha. e tinha. bebemos cerveja e quando veio a comida dava para umas 10 pessoas comerem. distribuímos frango e batata para a galera que estava por ali. ainda deu para levar uma quentinha que deixamos para um mendigo que dormia na praça. valério fez o favor de pedir uisque. sabe o que é uisque no largo do arouche uma e meia da manhã? deve ser 51 com adoçante e conhaque...enfim, vivemos de aventuras não é mesmo?
saciada a fome e a sede voltamos ao quarto.
no outro dia, café da manhã mega bom, pra matar a ressaca. lá pelas três da tarde saímos para almoçar no sujinho e encontramos um grupo de amigos. caipirinha boa, comida farta e bem feitinha. de lá pegamos um táxi para o anhembi. o motorista do nosso carro devia ter uns 145 anos. era tão atrapalhado que parava no sinal mesmo estando verde. sobrevivemos a ele. foda foi que ele não dava conta de encostar o carro pra gente desembarcar. conclusão, nosso portão era o 28 ele parou no 42. andamos quase dois kilometros pra entrar no parque.
no local do show, meu espanto: palco enorme, lugar enorme, banheiros em excesso. bar pequeno. sentamos em frente ao palco e de lá não levantamos nem pra ouvir a primeira banda que abriu o show do cure. bandinha que nem sei de onde apareceu. uma tal de lautmusik, de porto alegre. quem escolheu essa banda? sei lá, uma vocalista velha, de vestido de lantejoulas imitando a siouxisie. nem se deram o trabalho de dar boa noite, de se apresentarem, nada. fiquei lá sentada ouvindo. a segunda banda foi ainda pior, não tinha vocalista, foi toda instrumental e desconhecida também. antes de acabar levantamos para afinal chegar perto do palco e esperar o grande momento.
eu não sei, mas estou acostumada com o público em brasília. nunca achei que tivesse diferença, mas tem. aqui em brasília somos mais "quentes", nos entusiasmamos mais, gritamos, nos entregamos. lá pouquíssimas pessoas são mais empolgadas e além de tudo, muitas são mal educadas: querendo passar na frente de todo mundo, outras conversando durante o show como se estivessem em casa, enfim. bem diferente. uma guria quase apanhou . ficou me dando cotovelada. ai virei pra ela e perguntei:
– é guerra, é?
a sorte dela que o namorado mandou a fofa ficar quieta. ah se pego mando ela lá na grade da pista.
e assim, chega o grande momento. nem sei descrever a emoção de ver o ídolo entrando naquele palco. gente, foram anos de adoração. meus cabelos eram iguais ao dele, minhas roupas, meus tênis. eu ouvia cure 24 horas por dia. pra deixar o cabelão preto despenteado eu fazia trancinhas minusculas com o cabelo molhado e dormia assim. no outro dia desfazia as tranças e voilá, era uma massaroca só. sim, sou esse tipo de fã. e de repente tá um robert smith impecável lá na minha frente, pouquinhos passos de distância. claro que comecei a chorar. e só fui parar de verter lágrimas no primeiro bis, quando quase passei mal.
eu estava morrendo de sede. pra quem não sabe, sou maria mijona, bebo uns 3 litros de água por dia, e consequentemente preciso muito de banheiro. resolvi naquele dia beber pouco para não ir tanto ao banheiro. quase morri seca. precisei de umas 4 garrafinhas de água pra não desmaiar. e acabei saindo do meu lugarzinho privilegiado para sentar do lado do palco. o bar estava lotado, e como já disse, um público esquisito conversando e nem ai para o show.
enfim, veio o segundo bis, levantei e voltei para perto do palco. não chorei mais mas nem acreditei no que estava vendo. som impecável, robert smith com um fôlego de dar inveja, um repertório que saciou todos os gostos, e um simon gallup que parecia um menino. fiquei feliz com aquilo tudo. foram três horas e 15 de show. foi o show da minha vida.
na saída, começa o caos. não havia sinalização. quase dobramos para o lado errado. perguntamos a uma vendedora de camiseta qual melhor lado para ir pro centro. ela não soube responder. apelamos para o guarda
– vocês vão à pé? perguntou ele.
– claro que não, mas queremos pegar um táxi, um metrô, qualquer coisa...
– ah então sigam reto até a estação tietê.
lá fomos nós. e toda a torcida do corintians. era uma boiada de umas trinta mil pessoas. quando chegou a passarela para ir pro metrô desistimos, seguimos reto pela rua onde tinha uma parada de ônibus. e um posto policial. o guardinha ali disse que seria difícil pegar táxi e quando alguém parava tava cobrando R$90,00 para levar até o centro. encontrei outro amigo brasiliense e enquanto nos abraçávamos parou um ônibus. itaim bibi dizia nele. valério pergunta pro motorista se passa no centro.
– sim, passa.
– deca, vem, vamos descer numa outra parada e lá a gente pega um táxi.
claro que todos que estavam por ali ouviram a ideia brilhante e se amontoaram para pegar o ônibus também. fomos espremidos até uma estação perto do hotel. conseguimos um táxi e chegamos vivos. e famintos. a sorte que tinha serviço de quarto e nos esbaldamos na chiqueza do room service.
ah, esqueci de contar que antes de sair para ir almoçar no tal sujinho, coloquei todos os meus documentos no cofre do hotel...que ficou sem bateria e trancou sem que ninguém conseguisse abrir. assim, domingo pela manhã, nossa primeira missão foi abrir o tal cofre. a confusão foi tanta que o gerente que estava em casa de folga teve que ir até lá destravar o trem. de posse dos documentos fomos para o aeroporto.
no aeroporto tudo certo. mudaram o embarque do portão 1 para o portão 6. andamos pra caralho, mas sobrevivemos.
em brasília pegamos a nina na casa da avó e finalmente cheguei ao meu sofá.
no outro dia trabalhar foi muito difícil, mas eu estava feliz, nem me importei. fui para a minha acupuntura depois do expediente. eu estava completamente afônica.
deitei na maca e num sussurro disse para a médica:
– eu perdi minha voz.
– ah, meus pêsames. ela era velhinha? perguntou a médica.
– não doutora, não foi minha avó, foi minha voz...eu perdi a voz...
dai ela reforçou as agulhadas e não se falou mais nisso.
terça-feira, 2 de abril de 2013
filmes !!!
quanto tempo não falamos de filmes , né? então vamos conversar um pouquinho sobre eles?
anna karenina - não sei se ainda tá nos cinemas. se tiver, vá correndo assistir. é muito bom. vai gostar quem conhece a história, o livro e quem não conhece. é uma história de amor, de amantes, de escândalos. eles levaram o teatro pra dentro das telas. mas não aquela coisa chata, parada, não. são efeitos cênicos muito legais, interessantes, que te colocam dentro da cena, mesmo que se passe no teatro. você precisa usar também a imaginação para entender o cenário, precisa se jogar. a atriz keira knightley é anna e curiosamente ela fez dois outros filmes de época adaptados da literatura: orgulho e preconceito e desejo e reparação. todos do mesmo diretor joe wrigth. também vale nota saber que é o segundo filme que ela trabalha com o lindo matthew macfadyen (ele foi o senhor darcy de orgulho e preconceito, agora aparece como irmão de anna). o filme todo tem um quê de ópera, com cenas externas de extremo bom gosto. no começo a gente até estranha, mas vai se adaptando à linguagem. eu achei o máximo o trenzinho que parecia de brinquedo. muito se falou do distanciamento da emoção, da banalização dos diálogos em detrimento ao estético. o the guardian disse que o filme sacrifica a emoção do romance para privilegiar os visuais criativos. discordo. eu me emocionei, certamente não chorei em lágrimas, mas fiquei um tanto ferida no final. mesmo já conhecendo o fim. e não concordo que seja um romance qualquer, claro que o roteiro é raso, trata-se de cinema para concorrer a oscar, ler 900 páginas de tolstoï é uma coisa, querer a adaptação mega profunda, é outra coisa, mesmo porque a história é batida, conhecidíssima e já foi adaptada outras quatro vezes, como em 1997 com a linda sofhie marceau no papel de anna. a trilha sonora também vale nota. e a minha cena preferida, o marido corno sentado no teatro sozinho. ficou lindo aquilo. o jude law é lindo, né? mas não se iluda, no filme ele tá feio e careca (tudo pela arte!). o amante, aaron taylor-johnson confesso que não conheço (pesquisando ele fez o ilusionista, o papel do edward norton mais jovem, não lembro...).
being flynn - acho que o filme é de 2011. ou foi feito em 2011 e lançado em 2012. não sei. mas traz no elenco simplesmente robert de niro e paul dano. não precisam de apresentação, né? e ainda tem a linda julianne moore. filme lindo. drama. e pra mim robert de niro se redimiu depois de encarar aquela bosta de poder paranormal red lights. o filme é baseado no livro de nick flynn, sim, mesmo nome dos personagens, another bullshit nigth in suck city e é a segunda vez que de niro trabalha com o diretor (paul weitz dirigiu entrando numa fria maior ainda com a família, lembram dessa comediazinha? ) . a trilha sonora é de babar. em resumo, de niro é um escritor fracassado pai de outro escritor fracassado. o pai vai morar num abrigo para mendigos e o filho trabalha no abrigo. dai surgem todos os conflitos imagináveis. muito bom.
saga crepúsculo: amanhecer parte 2 - vi com atraso e quando eu pensava que nada poderia ser pior que a parte um, eis que vi o pior filme do ano, da década, do universo. lixo. nada salva, nem mesmo os volturi (lindos e chiques, além de terem michael sheen e dakota fanning no clã). gente, é risível. os vampiros além de vampiros se acham x-man , mas x-man genérico, daqueles made in china. a vampira da amazônia é um troço de feia e ah... nem sei dizer. tudo lá é ruim. corra. não é a toa que foi indicado para o framboesa de ouro que elege os piores do ano. o filme concorreu em todas as nove categorias e levou sete: pior filme, pior diretor, pior atriz, pior ator coadjuvante, pior elenco, pior remake ou sequência e pior dupla. e gente em pleno século 21 não justifica aquele efeito horroroso da criança vampirinha. credo.
a estranha vida de timothy green - quando o filme começou vi que era disney e tinha jennifer garner (linda, a mesma que fez de repente 30). ai já pensei: xi lá vem comediazinha romântica boba. mas não é que me surpreendi? é assim: o casal não pode ter filhos ai um dia um milagre acontece e surge um filho na horta deles. dai vai o filme. uma baita lição de humildade, tolerância e amor. o menino que faz o timothy é um baita ator, uma graça. a fotografia merece destaque. recomendo, mesmo sendo disney.
moonrise kingdom - uma comédia bem legal. nada daquele humor norte-americano babaca. tudo é sutil e tem um toque da leveza de amelie poulain. a fotografia é maravilhosa e meio surrealista. o elenco também não fica atrás (bruce willis, edward norton, bill murray, tilda swinton). e olha que interessante: wes anderson e roman coppola assinam o roteiro. eles já haviam feito isso com a viagem a darjeeling, que também é um filme ótimo. aliás a atmosfera é a mesma, até as cores...as crianças do filme são excepcionais. recomendo muito. é quase que mais drama que comédia. tudo recheado de muita inocência.
colecionador de corpos - 1 e 2. super filmes slasher. super recomendo para quem gosta de sangue. dá de dez nos jogos mortais e no albergue (quer dizer, nas sequências. jogos mortais um e albergue um são insuperáveis). o primeiro é de 2009 e o segundo é de 2012. o dois segue a sequência no momento em que o um acaba. por isso é bom ver os dois um seguido do outro. josh stewart estrela os dois filmes. ele participou de third watch , csi, grimm, fez um websodio do walking dead. o melhor, mas o melhor mesmo é o fim, surpreende mesmo.
por hoje é só pessoal. depois recomendo, ou não, mais alguns. beijo.
colecionador de corpos - 1 e 2. super filmes slasher. super recomendo para quem gosta de sangue. dá de dez nos jogos mortais e no albergue (quer dizer, nas sequências. jogos mortais um e albergue um são insuperáveis). o primeiro é de 2009 e o segundo é de 2012. o dois segue a sequência no momento em que o um acaba. por isso é bom ver os dois um seguido do outro. josh stewart estrela os dois filmes. ele participou de third watch , csi, grimm, fez um websodio do walking dead. o melhor, mas o melhor mesmo é o fim, surpreende mesmo.
por hoje é só pessoal. depois recomendo, ou não, mais alguns. beijo.
Blog Bar do Escritor: DESEJOS E MENTIRAS
Blog Bar do Escritor: DESEJOS E MENTIRAS: Na esquina havia um boteco improvisado. João Carlos cuidava do pé-sujo. Fazia cachorro-quente, vendia cerveja gelada e por fora forn...
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