segunda-feira, 13 de agosto de 2012
desventuras em série...
tô escrevendo um livro. já fiz vários começos, pensei em diversos temas e quando acredito que tô no caminho certo, tudo muda. agora por exemplo tô pensando em escrever "minhas histórias no aeroporto". porque não tem uma vez que eu viaje que não tenha uma série de causos e percalços pra contar. uma idazinha a são paulo no fim de semana e ganhei o direito a uma voltinha nos círculos do inferno.desventuras em série que começam já no trânsito até o aeroporto: um inacreditável movimento (ninguém trabalha não? porra, sexta-feira três horas da tarde e engarrafamento?) lá, claro que não tem estacionamento. até que...- o senhor está saindo? - sim, só vou colocar a mala no carro, pode esperar ai. esperamos. o véio tava numa espécie de corcel (sei lá que lata velha era aquela). tinha seis malas e cinco filhos. todos pra enfiar no carro. todos. claro que demorou horrores. entre malas e crianças, foram-se embora. estacionamos. a previsão era chegar em sampa 17h40. fazendo os cálculos entre descer da aeronave, pegar táxi, chegar no hotel, etc etc, a ideia era às 18h30 estar no boteco fazendo happy hour. era. quando deu 17h45 e a gente não tinha descido ainda, comecei a ficar preocupada. meu marido lembrou que o aeroporto de guarulhos poderia estar com problema por causa da greve da polícia federal. - vai que precisou desviar algum voo pra congonhas, pode ter complicado a coisa. - é, pode ser isso. ingenuamente comentamos. daqui a pouco o aviso do comandante: devido a rojões na beira da pista vamos ter que mudar a rota. - rojões? todo mundo pega o celular e logo se sabe: um homem subiu numa torre próximo ao aeroporto e fudeu tudo. trânsito interrompido, aeroporto fechado, e nenhuma autorização para desembarque. rodamos, rodamos, e finalmente outro aviso: - vamos aterrisar em CAMPINAS porque a aeronave precisa de combustível. campinas! sem combustível? e agora? agora que ninguém sabia de nada. até que uns passageiros mais apressadinhos quiseram descer. a tam colocou à disposição...a porta aberta. porque não ia se responsabilizar por nada. quem estivesse só com bagagem de mão poderia descer e ir por conta própria pra onde quisesse. não arredamos o pé. e dá-lhe espera. foram umas três horas lá. até que: - iremos receber autorização para voltar a são paulo. iremos, assim, no futuro, daqui a pouco. enquanto isso o povo já tava fazendo amizade, rodinhas se formavam, piadinhas eram contadas. brasileiro é engraçado. com qualquer coisinha já se diverte, já faz amizade, já tá curtindo. pior era a fome e a sede que se instalavam de vez. e o "aeromoço" avisou: até às 22h30 o aeroporto de congonhas aceita desembarque, caso ultrapasse esse horário vamos ver o que vai ser feito. vamos ver? sim, isso mesmo. oi? já eram quase dez horas da noite quando levantamos voo novamente. ai recebemos autorização para pouso. - onde? pouso onde? ninguém respondeu! uma aeromoça disse que era em são paulo, a outra que havíamos voltado para campinas. no aviso do comandante estávamos dando voltas em sorocaba porque as pistas estavam lotadas. comecei a imaginar que ia ver logo logo: "bem-vindo a florianópolis". até que começaram a aparecer uns prédios mais altos, e os paulistas reconheceram: é são paulo. é são paulo! gritava o povo animado. palmas e vivas. e a fome lá, comendo solta, junto com a sede, o saco cheio, a dor na perna. a minha sorte (!) é que eu sentei próxima a um japonês pra lá de interessante. era um senhor de 60 e poucos anos, recém contratado por uma empresa multinacional. ele fala 6 línguas (japonês, inglês, português, alemão, francês e espanhol) e contou várias histórias interessantes. enquanto ele falava eu fingia que dormia só pra ficar de butuca. quando disse que amava são paulo porque nunca foi assaltado fiquei meio assim, sem entender. ai ele contou: foi assaltado duas vezes em zurique. - me bateram a carteira duas vezes! aqui nunca. precisei ir pra suiça pra ser assaltado, disse ele. é. tá bem. quando finalmente o avião pousa, vemos que nada é assim tão fácil. descer a gente desceu, o problema foi estacionar num finger. todos ocupados. ai ficou parecendo estacionamento de brasília: lá na frente um flanelinha com pano na mão avisando: aqui, aqui. achamos a vaga, o piloto estacionou e quase estiquei uma moedinha pro moço que ajudou a fazer a manobra. e ai, tcharan, começa a saga de sair do aeroporto. pense na fila do táxi!onze voos foram desviados por causa do maluco que subiu na torre. o trânsito ficou interrompido por horas (me pergunto: como um cara faz isso e ninguém vê? e pra não fugir do clichê: e quando vier a copa? e se fosse um terrorista? caos, caos) . enfim, todos os passageiros chegaram juntos. acho que tinha umas 500 pessoas na fila que completava uns dois quilômetros de comprimento! e eu pensando: happy hour é o caralho. ficamos foi na base da bolachinha cream cracker a tarde toda. porque viagem tranquila é pros fracos! a sorte que o hotel era legal. nos instalaram no décimo terceiro andar. 13, só pra dar sorte. no quarto, fui guardar os documentos no cofre e adivinha? o cofre estava trancado! o último hóspede fez o favor de fechar com a senha pessoal. sobe o gerente pra destrancar. eu descalça, despenteada, enlouquecida e com uma cerveja na mão. e ele lá, até que: - ah acabou a bateria do aparelho pra destrancar o cofre! - ah moço, deixa pra amanhã. fomos pro boteco encher a cara. no sábado deu tudo certo. quase. a última zica: sentamos no boteco do mercado municipal e pedimos um chopp escuro. demora, demora, demora. - ah é que estão trocando o barril, acabou o chopp escuro...mas ai eu já estava com o foda-se ligado e nada, nada, nada iria me tirar o bom humor. o humor que sobrou, claro. ufffaaaaaaaaaa.
p.s - no fim até deu pra tirar umas fotos da janela do quarto...eu que amo janelas, fiquei feliz.
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